Por Marcos Mendes – Pastor
“Era muito fácil de perceber no rosto daquelas crianças órfãs um clamor dolorido, uma agonia encoberta para ter um lugar de aceitação, e de ter seu direito de pertencer aliviado no seio de uma família que o acolha e o ame incondicionalmente. Muitos desses ainda encontram-se sufocados com suas dores internas, acomodados em orfanatos ou “casas lares”. Mais do que isolados, estão como escravos do medo e da incerteza, amarrados pelas correntes da rejeição e do abandono, e dos fantasmas da violência que os assombram diuturnamente. Ainda há a indolência cristã, acrescentada a esta receita indigesta, que põe tampa de chumbo sobre o caos desta realidade, como se não fosse problema nosso”.
(Marcos Mendes / Título – O Clamor dos Órfãos Pelo Único Antídoto Eficaz / Confraria da Paternidade)
Este parágrafo anterior é parte de um texto que traz uma reflexão sem rodeios sobre a necessidade de nós cristãos, a igreja de Deus, sermos a resposta para esta causa tão nobre, e que move o coração do Pai por toda a escritura sagrada. Tenho dito que a orfandade entrou pela via do pecado original, quando então o homem é inoculado com este veneno desolador, quebrando a comunhão perfeita que havia com o Criador, e que depois afetaria todas as relações humanas num processo amargo e destrutivo, abrindo feridas na alma de tantos que agora estão desolados, sem esperança, desacreditados na instituição familiar por conta dos abandonos, e não concebem acreditar que exista um Deus que é amor, porque aqueles que deveriam ser pais protetores, são em muitos casos, os maiores causadores destes males.
O fato, é que em nossos dias, bem perto de cada um de nós, existem algumas crianças, pré adolescentes e adolescentes abrigados em algum orfanato ou casas lares, ansiando por ter uma família, por ter um pai e uma mãe que lhe possa socorrer desse buraco negro que se tornou a sua vida. E eles, embora gostem de ganhar coisas, desejam mesmo é encontrar um abraço que lhe seja definitivo, e de um afeto honesto que lhes cure de toda desconfiança e do medo do abandono. De uma paternidade que lhe devolva a crença em Deus, a esperança de um futuro, e a segurança de que não serão mais machucadas, nem sofrerão mais dos abusos e violência de quaisquer natureza.
Sim, isto é problema nosso. Precisamos nos envolver nesta causa urgentemente. Precisamos nos despertar, e nos dispor ao chamado de Deus para ir ao encontro destes pequeninos, atender o clamor desses órfãos, e restituí-los naquilo em que foram roubados. Temos em nós o antídoto que restaurará suas almas e corações, o Espírito de adoção. “Deus faz que o solitário viva em família…” (Sl 68.6a). Tiago fala sobre a “religião pura e imaculada para com Deus”, e devemos olhar com bastante carinho para esta passagem, para fazermos uma profunda reflexão no tocante as nossas práticas cristãs.
Vamos abrir um espaço no nosso coração para a voz sublime e doce do Espírito Santo, e corajosamente seguir Seu chamado para o exercício da verdadeira paternidade, e de um serviço santo de socorro e misericórdia, porque todos sabemos que no dia de Cristo haverá aquele chamado: “Vinde benditos de meu pai… porque tive fome e me destes de comer, …”.