Por Glaucia Berenice S Silva – Assistente social Fundadora da Casa lar Nosso Clubinho
– Tia você vai voltar amanhã?
Esta é a pergunta mais ouvida nos abrigos infanto juvenis. Uma criança quer saber se aquela pessoa que cuidou dela, deu carinho, abraços, beijos, alimentos, conselhos vão voltar amanhã ou qualquer outro dia. É muito desolador imaginar que milhares de crianças vivem com essa expectativa dolorosa diariamente: não sabem se devem novamente confiar e esperar por alguém ou se devem simplesmente desistir de desejar pertencer a uma família.
O choro no meio da noite deve ser engolido, o medo da escuridão, da violência, abandono, saudade deve ser ignorado no silêncio da escuridão de um quarto repleto de outros pequenos desconhecidos. É preciso ser forte e esquecer e desistir das suas necessidades mais primárias tais como, aceitação, sentido de significado, amar e ser amada. Mas a palavra de Deus em Isaias 49:15 “Será que uma mãe pode esquecer do seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do filho que gerou? Embora ela possa se esquecer, eu não me esquecerei de você!“. Que tremenda declaração de amor do nosso Abba. Ele nunca se esquecerá de nenhum pequenino!
Fiz essas primeiras colocações para falar sobre a triste realidade que vivenciei por 15 anos como coordenadora da Casa Lar Nosso Clubinho e que ainda vivem cerca de quatro mil crianças e adolescentes atendidos nos serviços de acolhimento no Brasil à espera de uma família.
A adoção sempre esteve no coração de Deus, Efésios 1:5 afirma que antes da fundação do mundo Ele em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade.
Cada um de nós através do Novo Nascimento foi recebido como filho por adoção. O nosso grande vazio e necessidade de pertencer a alguém foi resolvido, sabemos agora que pertencemos a Deus: eu sou do Meu Amado e Ele é meu!
Recebemos um novo nome, uma nova família e um novo lar. Esta realidade espiritual deve ser traduzida na realidade natural de crianças e adolescentes dar-lhes um novo nome, uma nova família, um novo lar é o que SENHOR espeta daqueles que vivem os benefícios da adoção, do pertencimento e do amor incondicional.
Isto traduz a vontade de Deus em sua palavra à igreja em Tiago 1:27 quando no ensina que a verdadeira religião é cuidar do órfão. Jesus, somente Jesus faz com que o solitário viva em família e que a mulher estéril seja alegre mãe de filhos, necessidade de fazer com que estas pessoas se sintam pertencendo alguém não há um CNPJ institucional (porque o dirigente da entidade é equiparado ao guardião) ou ao Estado. Ao contrario terá alguém que vai acudir seu choro no meio da noite e com seu amor lançar fora o medo da violência, do abandono, da solidão, pois mais uma vez a palavra de Deus vai ser encarnada, manifesta na vida destes pequeninos, pois semelhantemente ao fato de ouvirmos carinhosamente do nosso ABBA que estará conosco até a consumação dos séculos, poderemos dizer aos nossos filhos do coração: eu estarei contigo até o final dos meus dias!