Que a Bíblia fala do cuidado com o órfão todo mundo sabe. São diversos os textos que deixam claro que é uma ordem, que é prioridade e que é indispensável[1]. Toda a espiritualidade dos cultos e programas só tem sentido se traduzida no cuidado dos vulneráveis[2].
Todos sabem a história de Ester e Moisés, ambos filhos por adoção, heróis da nossa fé. Aqueles que conhecem a história da Igreja provavelmente ouviram falar de George Muller, pastor que cuidou de milhares de órfãos em Bristol (Reino Unido).
Mais que isso, todos sabem que o próprio Deus é responsável pelo cuidado das crianças e adolescentes que hoje não têm família[3]. Ele é o Pai dos que não tem a quem chamar de pai. E Ele nos vocaciona, como Igreja, a sermos como Ele é, agindo como Ele age e amando quem Ele ama – e isso inclui os órfãos e destituídos de família.
Apesar dessa consciência existir, há muitos que ainda não sabem como agir de forma prática e assertiva. Como uma Igreja pode obedecer de forma objetiva ao princípio de cuidado do órfão? Como fazer com que a adoção se torne um assunto natural e uma realidade das famílias da igreja, uma vez que a adoção de filhos é um reflexo da nossa adoção redentora pelo Pai[4]?
Como o tema é amplo e a realidade é complexa, há muito que pode ser feito de muitas formas criativas e distintas. Por isso, antes de qualquer coisa, conheça a realidade da sua cidade, das casas de acolhimento, das crianças acolhidas. Não chegue com projetos prontos ou fórmulas mágicas, mas escute a realidade primeiro. E assim, diante deste contexto específico, reflita sobre quais as demandas que sua comunidade pode responder e como atuar.
E, do lado “de dentro” da igreja, inclua a conversa da adoção nos assuntos corriqueiros. Insira o tema nos currículos dos cursos de pais e casais – e até de noivos, por que não? Celebre as famílias que já passaram pela adoção, crie espaço para que elas contem suas histórias e ressoem o tema nos corações.
Lembrando sempre que adoção e orfandade não é assunto só para pais que querem adotar. Este é um assunto da Igreja. É um assunto do próprio Deus. Que nossa oração seja para que nossas Igrejas se encham do mesmo amor com o qual Ele ama e cuida dos órfãos. Amém.
[1] Êxodo 22.22; Deuteronômio 24.17, 27.19; Salmos 82.3; Jeremias 22.3; Zacarias 7.10
[2] Isaías 1.12-17; Tiago 1.27
[3] Salmos 10.14, 68.5, 146.9
[4] Romanos 8.15; Gálatas 5.4