Por Ester Cunha Duarte – Mãe por adoção, Pedagoga, Empresária e Multiplicadora do HOME
Segundo uma pesquisa do Data Folha, em 2020 o Brasil tinha aproximadamente 65,4 milhões de pessoas que se declaravam evangélicas, frequentando milhares de igrejas com denominações distintas. Sabemos que um dos temas mais abordados nas igrejas é família. As pessoas são incentivadas a constituir famílias e a zelar bem por elas (afinal, família é um projeto de Deus). Em 30 anos de vivência no meio Cristão confesso que jamais ouvi qualquer incentivo à adoção, quando este tema é abordado. Ao se abordar a construção familiar, em geral estimula-se que as famílias tenham filhos biológicos (o que não é errado), mas a possibilidade da adoção nunca é apresentada com uma via.
Em nossa trajetória em busca dos nossos filhos, passamos pelo vale da infertilidade. Foi extremamente doloroso, até porque a adoção era um assunto muito distante e envolto de preconceitos. Após anos de tratamentos ineficazes, orações pela cura e muitas situações constrangedoras diante da cobranças por filhos, decidimos expor nossa condição de infertilidade. Evidentemente a postura dos que nos cercavam era de declarar que Deus faria um milagre, fazendo com que engravidássemos.
Em uma noite fria, enquanto eu lavava a louça, o Senhor falou claramente ao meu coração: “Sou eu quem concede a graça de pessoas gerarem filhos, mas algumas eu escolho e separo para serem pais e mães de crianças que já nasceram”. Eu fiquei em choque, nada havia sido tão audível na minha experiência com Deus. Permaneci calada e dias depois meu marido propôs a adoção. Decididos e convictos, iniciamos o processo para a habilitação à adoção. Quando compartilhamos nossa decisão com os irmãos em Cristo, o que ouvimos foram frases de desencorajamento como: “Não precisa adotar, Deus fará um milagre”. “É complicado adotar pois a criança vem com maldição hereditária”. “Se Deus não deu filhos é porque Ele não quer isso para vocês.” O que mais me impressionava era o fato de que éramos estimulados a ganhar e cuidar de vidas, então como a adoção poderia ser assim tão desconsiderada?
A palavra de Deus nos revela que três grandes planos de salvação elaborados por Ele incluíram a adoção como parte de sua estratégia. Para libertar o povo de Deus do Egito, Moisés foi escolhido e foi necessário que a filha do Faraó o adotasse para que ele não fosse morto ainda bebê. A órfã Ester, foi adotada, acolhida e orientada por seu primo Mordecai antes de chegar à posição de Rainha. Após a sua coroação, por meio de sua influência, ela pode livrar seu povo do extermínio planejado por Hamã. José foi orientado pelo anjo do Senhor a cuidar de Maria acolhendo o bebê que estava no seu ventre, evitando assim que ela mesma sofresse por ser uma jovem, solteira e grávida. Ele assumiu a paternidade terrena de Jesus, o Salvador do mundo.
Definitivamente a adoção também é um projeto de Deus, portanto, se faz urgente que a igreja abrace esta causa. Em Tiago 1.27 diz “A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades… Estimular as pessoas a se envolverem com a causa da adoção (sendo uma família acolhedora, fazendo apadrinhamento afetivo ou realizando trabalhos voluntários nos abrigos) e, principalmente, apoiando casais e/ou pessoas que decidem adotar filhos é o papel da igreja.
Quanto a nós, Deus fez o milagre? Sim, na verdade fez três grandes milagres: deu uma família a um órfão de mãe, tornou um casal infértil em pais de 2 filhos através da adoção e livrou da morte um bebê que foi descartado por sua genitora, lhe dando uma família que o ama muito! O milagre é a vontade do Pai sendo cumprida em nossas vidas! E você? Está pronto para o milagre?