A transformação de quem adota

Por Paula Ramos Coordenadora da Fundação Comunidade da Graça

Maio é comumente conhecido com o mês das noivas, ou em algumas tradições religiosas, é celebrado como mês da família, não é coincidência que o dia nacional da adoção fosse comemorado neste mesmo mês. Dia 25 de Maio foi estabelecido como uma data para conscientização sobre a importância da realização do gesto de adotar.
Uma data bastante significativa com um tema ainda mais importante e pouco discutido e com uma série de questões não abordadas de maneira adequada, além dos mitos, dúvidas e estigmas que permeiam este universo da adoção. Mas é necessário compreender a importância e a dimensão que está em adotar, as responsabilidades que vêm com esta escolha, além das recompensas positivas e oportunidades que podem ser construídas.
Uma das primeiras barreiras que aqueles que pretendem habilitar-se à adoção podem se deparar é a burocracia, afinal, o processo inicia-se através de uma avaliação minuciosa sobre o perfil daqueles que se candidatam, compreender sua realidade social e psicológica é de vital importância, para que haja uma aproximação coerente entre o núcleo familiar e as crianças e adolescentes que aguardam para serem destinadas à uma família.
Dados do CNA (Cadastro Nacional de Adoção), do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) revelam que atualmente perto de 10 mil crianças e adolescentes se encontram institucionalizadas, por isso esse tema precisa ganhar importância e discussão em nossa sociedade, além de ser incentivado como uma prática natural. Adotar pode ser uma forma de ofertar melhores condições de bem-estar, direito a educação e saúde, ou seja, um ambiente de respeito a proteção à essas crianças.
Por que isso é tão relevante? Considerando o fato de que as crianças e adolescentes que hoje aguardam na fila por um lar, via de regra foram retiradas do seus antigos núcleos familiares por estarem em situação de risco iminente à violência ou em violação dos seus direitos e da sua proteção de fato. Pessoas que se candidatam a assumirem a responsabilidade por essas crianças, tornam-se de imediato agentes de transformação da sociedade, sua contribuição tem impacto direto na vida dessas crianças e por consequência refletem positivamente em uma sociedade, restaurando condições dignas e justas para promoção social.
É um processo que se assemelha muito à uma gestação, justamente por que nem sempre as adoções acontecem nos primeiros meses de nascimento das crianças, é mais comum do que se imagina que os adotados já estejam há algum tempo sob a tutela do estado, são as conhecidas adoções tardias, mas
em nada diferencia o processo. Durante as etapas de adoção, os futuros pais, participam de aproximações graduais com as crianças, conseguem perceber se realmente dar esse passo é a decisão mais assertiva, conforme essa etapa de aproximação evolui, havendo vinculação entre os pais e as crianças, o processo avança para a consolidação da adoção, os candidatos podem passar mais tempo com as crianças, levá-los para visitas e encontros com os demais membros da família (Avós, Tios e Tias, Primos, etc.) como forma de que as crianças também possam se habituar à esse novo núcleo.
Adotar é um gesto de solidariedade e amor, é um passo que precisa demonstrar mais do que uma busca por preencher um vazio, ou formar sua família, é uma forma real de assumir sua responsabilidade social, ofertar e proporcionar para outras pessoas a oportunidade de ser e pertencer à uma família. É de fato um desafio, mas muito maior do que as barreiras ou do que as dificuldades, a recompensa é significativamente positiva.
Aproveite esse mês para conhecer mais sobre o processo de adoção, tirar suas dúvidas e compartilhar!

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