Orfandade e adoção

Por Danilo Figueira, pastor sênior da Comunidade Cristã de Ribeirão Preto e escritor

Poucas atitudes podem nos fazer tão parecidos com Deus quanto a adoção. A livre decisão de receber e assumir o encaminhamento de alguém que perdeu ou nunca teve uma referência de família, será sempre um reflexo do que o Pai Eterno faz com todos aqueles que o buscam através de Jesus. Não importando o estado em que estejamos, ainda que profundamente deformados pelo pecado, Ele nos acolhe e não apenas nos dá uma perspectiva melhor para seguir, mas nos alça à condição plena de filhos, herdeiros seus e co-herdeiros com Cristo (conf. Romanos 8:17).

Desde Rui Barbosa, os antigos afirmam que “a família é a célula mater da sociedade”. Eles continuam tendo razão, em que pese o relativismo dos nossos dias, que tanto tem corroído e desvalorizado essa estrutura fundamental. No plano de Deus, revelado na Bíblia Sagrada, fazer parte de uma família é essencial para que o ser humano tenha oportunidade de se desenvolver plenamente e seu feliz. Desde a criação, o Senhor sentenciou: “Não é bom que o homem esteja só!” (conf. Gênesis 2:18).

O número de órfãos esperando adoção no Brasil é, ao mesmo tempo, grande e pequeno. Grande em virtude do pouco interesse das famílias quanto a assumirem essa missão, especialmente à medida em que as crianças avançam na idade. Quanto mais velhos, mais o sonho de terem pai e mãe se torna improvável… Por outro lado, o desafio se torna pequeno, uma vez que, se vencermos as barreiras da desinformação e da ausência de compaixão, temos no seio da Igreja – a “comunidade dos filhos adotados por Deus” – potencial de sobra para darmos uma resposta, zerando a fila de órfãos que esperam um lar.

É bom que se diga que esses nossos semelhantes, tão importantes para o Senhor quanto qualquer um de nós, precisam de um lar e não apenas de uma casa. Acolhimento a maioria já recebe, provido pelas entidades filantrópicas e governamentais. Porém, não basta ter um teto. A alma humana precisa de uma família!

Quem poderia melhor atender a essa demanda, senão o povo de Deus? Temos a missão, porque o nosso Senhor nos enviou a fazer o bem; temos a estrutura, porque boa parte dos nossos lares está edificada sobre os princípios eternos da Palavra de Deus e, portanto, é sólida, espaço ideal para o desenvolvimento sadio de uma criança ou adolescente; temos a rede mais eficaz de comunicação e capilaridade no meio da sociedade, uma vez que a igreja, uma grande família, ficou suas raízes em praticamente todos os recantos e ambientes do país, desde as comunidades carentes até os condomínios de luxo.

O que nos falta, então? Agir! Impulsionados pelo argumento central da nossa fé que é o fato de Deus, por pura graça, ter pagado o preço e cumprido todos os processos legais para nos adotar como seus filhos, precisamos nos mover para que a orfandade humana seja engolida de paternidade divina, não só no espiritual, mas também no natural.

Os que de nós se entregarem por essa causa, certamente serão os homens e mulheres mais parecidos com Deus na face da terra!

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